quarta-feira, 25 de março de 2015
O paradoxo da parede.
Ali parei e fixei meus olhos na parede, tentei penetrar-me profundamente através de tinta, concreto e tijolos. Num instante eu parecia tão forte, logo mais fraco estava e não sabia mais o que fazia. Não obstante, com determinação continuei a olhar. De paredes nada entendo e daqui de onde me sento, eu me sinto tão inútil quanto descartável. A parede é branca pois nunca fiz questão de pintá-la. No fundo deve ser o reflexo de quem sou. Não há cores, alguns dizem. Há todas as cores de uma só vez, dizem outros. É o paradoxo do otimista e pessimista com roupagem carnavalesca. No fundo, creio que essa parede precisa de um retoque vermelho, mas coragem me falta. Continuo sentado, então, e olho a parede. Não é mais a mesma, pois quando cheguei era tão uniforme quanto poderia ser. Hoje por aqui e por ali vejo traços, riscos, manchas, mãos e pés. Cada um conta uma pequena história do que aqui já se passou. Todos, entretanto, em diferentes tons de branco. Essa parede marca a monotonia dos últimos anos e consigo traz a nostalgia. Marca também as barreiras que me separam do meu destino que tanto receio traçar. É, parece que essa parede merece retoques de outras cores, contudo deixarei o vermelho pra mais tarde.
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