domingo, 11 de novembro de 2007

primavera.sorriso.outono.

O sol me sorriu no início de uma manhã de primavera, ele não parecia opaco nem radiante, apenas sorria por poder observar a nova formação florida nas copas das árvores, cada folha que surge vem sobrepor a falta de sua antecedente, que durou um ano, ela passou por chuva e sol, raio e gelo, porém por vários meses ela persistiu, apenas pelo prazer de poder balançar ao simples toque de uma brisa, e cair ao encontro de outra folha. Que bela a natureza, todos seus elementos em plena harmonia.
Quem dera assim fosse o amor entre duas pessoas, se um esperasse por três estações inteiras passando por adversidades apenas para poder sentir a brisa fria de uma manhã de outono onde chega ao ápice toda sua trajetória. Mas o sol agora não é mais o mesmo, ele não me sorri como antes, o motivo para tal desprezo é por eu ainda estar aqui encostado no peito da janela esperando o meu amor chegar. O sol todo dia se move do leste ao oeste para a casa da colina onde o amor mora, para poder me acompanhar até sua casa, porém é muita audácia minha querer mudar a rota do sistema planetário, só porque não tenho coragem de lutar pelo que desejo.
Então, certo dia pedi ajuda à Lua, apesar de todo seu mistério e sua relutância de revelar o quão mais bela deve ser sua outra face. Ela me fez caminhar até o centro da cidade, contudo sem dizer o que estava para acontecer, eis que num momento de calmaria pude sentir a maresia atravessar as edificações e balançar meu cabelo. Quando tem início um eclipse, o clima de enigma pairava sobre o ar enquanto a terra, a lua e o sol se alinhavam. No momento que a luz da lua foi extinta por completo e a cidade mergulhava na escuridão, a maciez da mão do meu amor afagou o meu ombro. Valeu a pena esperar por todas estas estações para encontrar a minha folha. O sol me sorriu no início de uma manhã de outono e dessa vez sorri de volta.