sexta-feira, 5 de junho de 2009

Senilidade.

Soube que ia morrer, soube que ia ficar cego, soube que minhas pernas não mais andariam, soube que o sofrimento estava por vir, de repente me senti tão senil, justo eu que vivi uma juventude áurea, justo eu que corria pelos campos de lírios e colhia flores para minha mãe toda manhã, justo eu que sabia dizer "eu te amo", sábio fora aquele que primeiro falou estas palavras que hoje já não carregam seu sentimento real, justo eu que quis fazer deste viver comum uma experiência maravilhosa. Devereia fazer testamento? Deveria fazer com que as pessoas soubessem, como se já não soubessem, minha verdade e meus sentimentos? Soube que ia morrer numa manhã de verão, o sol entrava na janela do meu quarto e quando me olhei no espelho vi olhos cor de mel, nunca tinha reparado como era bonito o brilho dos meus olhos. Porém no exato momento soube, também, que não tornaria a vê-lo, não sei se digo "pobre de mim" ou se digo "pobre daqueles que ficarão sem mim", poderia soar como uma leve prepotência, mas de algo eu sei, sei que fui feliz, sei que fiz pessoas felizes e sei que apesar de não mais tornar a ver os brilhos dos olhos cor de mel, nas mentes de meus amores ele permanecerá.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Novo amor.

A luz apaga porque já raiou o dia e a fantasia vai voltar pro barracão, outra ilusão desaparece quarta-feia, queira ou não queira terminou o carnaval. Mas não faz mal, não é o fim da batucada e a madrugada vem trazer meu novo amor. Bate o tambor, chora a cuíca e o pandeiro, come o couro no terreiro porque o choro começou.
A gente ri, a gente chora e joga fora o que passou. A gente ri, a gente chora e comemora o novo amor.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Verdade, dúvida, ou ambos?

Um gesto exprime inúmeros sentimentos e pensamentos simultaneamente, sei que não filosofei, sei, também, que não inovei, porém sei que expressei a verdade, sim, verdade esta que busco a cada dia. Peguei-me a caminhar na praia e observar as pessoas que passavam e o que fazia, seus comportamentos, confirmei, enfim, minha teoria, ou melhor, nossa teoria, e por que não nossa verdade? Vi uma menininha construir um castelo de areia sozinho, para qualquer, talvez, não haja simbolismo algum em tal gesto, contudo eu enxergo além. A menininha poderia estar fazendo qualquer outra coisa, poderia estar como todas as outras, brincando com suas bonecas loiras, pulando ondas ou imitando personagens, mas esta meniniha estava construindo um castelo, e não apenas isso, estava a fazê-lo sozinha. Eu poderia como escritor, e dono de minha verdade, estragar o prazer de um leitor, o de imaginar, e contar o porquê de aquela meniniha estar construindo um castelo, e sozinha, mas a dúvida é mais sutil, a dúvido nos abre um leque de possibilidades, de opções de sermos o que quisermos, a qualquer momento. Sou regido pela dúvida e não receio estragar meu texto pela repetição abundante da palavra, a certeza perdeu a graça e a dúvida assumiu minha verdade absoluta, ou obsoleta? Dúvida.