sexta-feira, 5 de junho de 2009
Senilidade.
Soube que ia morrer, soube que ia ficar cego, soube que minhas pernas não mais andariam, soube que o sofrimento estava por vir, de repente me senti tão senil, justo eu que vivi uma juventude áurea, justo eu que corria pelos campos de lírios e colhia flores para minha mãe toda manhã, justo eu que sabia dizer "eu te amo", sábio fora aquele que primeiro falou estas palavras que hoje já não carregam seu sentimento real, justo eu que quis fazer deste viver comum uma experiência maravilhosa. Devereia fazer testamento? Deveria fazer com que as pessoas soubessem, como se já não soubessem, minha verdade e meus sentimentos? Soube que ia morrer numa manhã de verão, o sol entrava na janela do meu quarto e quando me olhei no espelho vi olhos cor de mel, nunca tinha reparado como era bonito o brilho dos meus olhos. Porém no exato momento soube, também, que não tornaria a vê-lo, não sei se digo "pobre de mim" ou se digo "pobre daqueles que ficarão sem mim", poderia soar como uma leve prepotência, mas de algo eu sei, sei que fui feliz, sei que fiz pessoas felizes e sei que apesar de não mais tornar a ver os brilhos dos olhos cor de mel, nas mentes de meus amores ele permanecerá.