sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Desilusão.

Uma luminosidade intensa pairava sobre a janela do meu quarto, inerte jogado na cama estava eu a observá-la, não sei o que ela queria me dizer ou significava naquele determinado momento, estava realmente afundado na cama como se o mundo tivesse parado e apenas essa luminosidade fosse o que houvesse de vida. Contudo ainda podia pensar e meus pensamentos me remetiam às dores recentes pelas quais havia passado, desamores, desilusões e decepções, tudo isto dominava-me de tal forma a consumir qualquer vestígio de felicidade ou auto-compaixão. Quem eu quisera não me quisera, iludira-me fazendo-me pensar que um dia haveríamos de nos relacionar, então quando me dedicara a este sentimento, só houvera desprezo em retorno. Daquela cama não queria me levantar e, perigoso seria se de fato dela me levantasse, minha vontade única era desfazer-me daquela dor de maneira mais breve possível. Adormeci, porém lá aquela luz ainda se eternizava.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Falso afeto.

A infelicidade ou a felicidade? Parece que não é inerente a mim essa escolha, como nascer homem ou mulher. Contudo, o caminho para a felicidade nunca me pareceu tão óbvio quanto parece agora. Só que esse caminho tem causado grande angústia a cada passo que tomo, não sou mais eu dentro de meu corpo, minhas atitudes já não condizem com meus antigos pensamentos, tornei-me impulsivo e apaixonado. Entretanto, não apaixonado pela vida, a cada minuto penso neste amor, a cada noite tenho os mesmos sonhos sedutores, uma entrega total e compulsiva. Um sentimento que costuma trazer felicidade a todos só tem feito eu perder a mim e a minha personalidade. Não possuo mais o mesmo sorriso, aquele sincero e afetuoso, capaz de acalentar quaisquer tristezas. Se me dá a mão quero o corpo inteiro, se oferece a amizade, quero o amor e assim sei que vou naufragando no oceano profundo, de onde não sairei nem com o amor, nem com o resto da dignidade que por hora resta em mim.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Uma apologia ao amor.

Um grito profundo, que apesar do esforço demasiado, apenas causa a sensação de um leve sussurro aos ouvidos de quem o escuta. Venho a ti, então, por meio de palavras fazer uma breve apologia ao amor. Tal sentimento corre dentro de mim, assim como sangue faz parte do meu organismo. Quando me tocas sinto um arrepio dorsal, de forma crescente primeiro ele domina meus sentidos, a começar do tato, passando pelo olfato, audição e visão até finalmente chegar ao paladar, teus toques me tiram do consciente e me transportam para onde não sei quem sou, para um lugar que nada mais importa, a não ser estar junto a ti. Teus olhos penetrantes não canso de olhar, nem tenho medo de pleonasmos ao me expressar de tal forma, olhas em meu olhos, com toneladas de força, contudo ao mesmo tempo uma leveza que me seduz, assim como o perfume das flores na primavera, não mais tenho medo de transgredir as normas e me entregar a ti. Sofrível foram os dias que tive que esperar para te encontrar, agora me sinto preso como nunca estive, vens brincar todos os dias comigo e assim me torno criança novamente, contigo me sinto jovial e senil, sinto-me amado e odiado, sinto-me transgressor e conservador, pois para mim o amar está na beleza da antítese.