sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Domingo.

Uma folha caía, dava para perceber por mais que a árvore estivesse a um quintal de distância, em meio ao jardim de petúnias de seu vizinho. Um simples fato que teria passado despercebido, mas não naquele dia, um choroso domingo que marcava um ano de solidão. Seriam necessários cem para esquecer? Um ano inteiro havia passado e a ferida continuava aberta e na noite anterior sangrara em vias de hemorragia. Um olhar para trás e começava a lembrar, sua dor de cabeça também poderia ter sido uma dica, na sua cama deitava desnudo um belo rapaz do qual nem o nome lembrava, mas que o recordava do passado. Um outro olhar para frente e a folha já estava prestes a atingir o solo. Folhas caem das árvores, mas aquela manhã de primavera queria brincar de perturbar a sincronia da natureza, assim como um ano atrás sua felicidade foi atirada ao abismo:
- Eu não te amo mais.
- Você disse que sempre me amaria.
- Quando a ti minha vida entreguei eu já receava pelo fim. Sei como o fim é doloroso a ponto de não se querer nem ao menos começar. Agora não te darei flores, nem te darei esperanças, vou te dar apenas um último beijo do qual nunca esquecerás.
- Algum dia você me amará de novo?
- Tenho certeza que sim.
- Então você me dá esperanças?
- Eu te dou certezas.