domingo, 27 de junho de 2010

A minha dor.

Eu tenho a minha dor, ela me pertence, ela me domina e me entorpece, ela não é tua, ela não é dele, sou eu quem fica no apartamento na companhia apenas da solidão e que por ela sou seduzido. Tua dor é capricho, não é nem sequer a razão da consciência que resolveu te retornar, tu agora tens ele em tua cama, sua toalha em teu banheiro. E eu? Eu tenho a minha dor, tenho o apartamento vazio, o corredor silencioso, o chuveiro não mais a chorar. Tu tens tuas saudades, talvez nem saudades, apenas nostalgia, tens uma mão para te acalentar, uma vida para seguires em frente. Eu tenho ainda teu gosto em minha boca e tua respiração ao pé do ouvido, tenho calafrios das lembranças ao tomarmos banho e tenho a minha dor. Tu tens amor, tens uma vida, tens de volta o brilho dos teus olhos e teu fogoso sorriso amarelado, que em outros tempos era suficiente para despertar o meu sorriso amarelado. E eu? Agora eu tenho a minha dor, tenho as lágrimas sofridas nos olhos quando te vejo sorrir e tenho a tristeza iminente de uma tragédia.