quarta-feira, 19 de outubro de 2011

E cá estou mais uma vez à noite a pensar. Essa é a hora exata em que os pensamentos fluem, o que não significa dizer boas-venturas, acho que estaria mais próximo de desventuras frustradas. O eterno paradoxo: querer um amor, mas ao primeiro vislumbre do que poderia ser um sentimento logo vem a dúvida e a incerteza. Cadê o príncipe encantado? Sinto-me uma garota ao me fazer uma pergunta dessas, porém acredito ainda ter o direito de assim o fazer, mesmo sabendo que não passa de uma pergunta retórica. Agora é uma época de incertezas, por assim dizer, profissionais e amorosas e queria poder elucidar qual delas seria a mais fácil de decidir, mas nem sequer isso consigo decidir. Só me alegra saber que ninguém lê ou sequer está interessado em minhas desventuras, pois só dessa forma me desperta o interesse de continuar a buscar o interesse.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Verdade ou amargura?

Um último olhar para o teto, depois para a parede azul e enfim para o porta-retratos. A porta abriu, depois bateu e a chave caiu. Passos, 20 degraus, mais alguns passos e a porta do carro batendo. Abriu a cortina, depois a janela e espiou a rua. Acompanhou o carro com os olhos, depois com os dedos e por último com o coração.
A gente não sabe o que nos traz aqui, a este ponto definitivo. Certo dia nada fazíamos, assistíamos a vida passar e achávamos estar felizes, mas de repente tudo mundo.
O amor.
Antes fosse apenas uma foda, antes fosse um beijo numa festa e depois um lance de uma noite, mas tinha que ser o amor. Você sabe que é findável, ele sabia que era findável e eu mesmo sei que é finito, porém por que insistimos em cair sempre no mesmo truque? Não me venha agora dizer que seu sofrimento vale a pena, pois no fundo nem você mesmo acredita nisso.
Agora tudo que precisa é de um bom porre, uma música do Death Cab e uma paquera barata, porque sua vida a isso podia se resumir. Ninguém quer ser feliz, todos queremos apenas por aqui passar e no fim conseguir sobreviver sabendo que a estrada é longa e, no fundo, é seu fardo percorrê-la sozinho.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Troca-se felicidades.

Sabe? Ver a felicidade nos olhos dos outros me incomoda. Que pareça egoísmo, que pareça falta de caráter, que pareça maldade, porque, no entanto, não desejo que sejam menos felizes, ou que eu mesmo seja mais feliz, até porque triste não sou. Simplesmente a felicidade nos olhos dos outros me incomoda. Eu poderia categorizar a felicidade em vários níveis, dentro dos quais me encaixo em alguns e outras pessoas se encaixam em outros, não excludentes, mas às vezes eu trocaria minha felicidade pela sua e assim ambos continuaríamos felizes, sendo que na mesma intensidade, porém mais satisfeitos. Eu poderia chamar a minha felicidade de felicidade amargurada, pois a tenho, sendo que nunca foi aquela que procurei, no entanto cá ela está me dando sorrisos segunda-feira pela manhã e lágrimas sexta à noite. Irônico, não? Sua felicidade provavelmente lhe dá um ar de preguiça nas segundas e uma incomensurável vertente de sorrisos nas sextas, mas estaria você satisfeito? Caso não, trocar-la-ia comigo?

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Domingo.

Uma folha caía, dava para perceber por mais que a árvore estivesse a um quintal de distância, em meio ao jardim de petúnias de seu vizinho. Um simples fato que teria passado despercebido, mas não naquele dia, um choroso domingo que marcava um ano de solidão. Seriam necessários cem para esquecer? Um ano inteiro havia passado e a ferida continuava aberta e na noite anterior sangrara em vias de hemorragia. Um olhar para trás e começava a lembrar, sua dor de cabeça também poderia ter sido uma dica, na sua cama deitava desnudo um belo rapaz do qual nem o nome lembrava, mas que o recordava do passado. Um outro olhar para frente e a folha já estava prestes a atingir o solo. Folhas caem das árvores, mas aquela manhã de primavera queria brincar de perturbar a sincronia da natureza, assim como um ano atrás sua felicidade foi atirada ao abismo:
- Eu não te amo mais.
- Você disse que sempre me amaria.
- Quando a ti minha vida entreguei eu já receava pelo fim. Sei como o fim é doloroso a ponto de não se querer nem ao menos começar. Agora não te darei flores, nem te darei esperanças, vou te dar apenas um último beijo do qual nunca esquecerás.
- Algum dia você me amará de novo?
- Tenho certeza que sim.
- Então você me dá esperanças?
- Eu te dou certezas.