domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pensamento de Werther.

Com certeza - visto que somos feitos de tal maneira que comparamos tudo conosco, e daí segue-se que a felicidade ou a desgraça jazem nos objetos com os quais nos relacionamos -, não há nada mais perigoso do que a solidão. A nossa imaginação, levada por natureza a sublevar-se e nutrida pelos fantásticos quadros das poesias, cria uma série de seres cuja superioridade nos esmaga, e quando lançamos o olhar para o mundo real qualquer outro nos parece mais perfeito que nós mesmos. E isso é até bem natural. Sentimos tantas vezes que nos falta alguma coisa, e por vezes parece que o que nos falta um outro possui. Quando isso acontece, a ele concedemos de bom grado tudo aquilo que temos, e ainda por cima um certo bem-estar ideal. E assim imaginamos nós mesmos as perfeições que criam o nosso suplício.
Pelo contrário, quando com toda a nossa fraqueza, com toda a nossa lástima caminhamos decididos e direitos a um fim, sentimos muitas vezes que, mesmo com nossos tombos e deslizes, vamos bem além do que os outros vão à força de suas velas e seus remos... E, ah, disso tenho certeza... O fato de caminhar tão ligeiro, ou até de ultrapassar os que andam conosco, proporciona tanta autoconfiaça!

Goethe.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Trazes flores?

Bates à porta de minha casa a esta hora da noite apenas para dizer: "Eu te amo". Justo agora que a vida se toca, que o passado não se faz mais presente, vens dizer o que em águas passadas era tão valioso para mim. Seria de você um ato de piedade? Creio na beleza das tuas palavras e na sinceridade de teu gesto, mas conheço a intenção no plano de fundo de tuas presentes atitudes, mas para mim tudo soa deveras anacrônico. Agora sentes a melancolia da solidão, sentes o que senti na carne quando a ti meu amor era dedicado, contudo nunca retribuído, o medo da perda te levou a este estado de comiseração. Mas enfim o que é o amor para ti? A convinvência tornou-nos pessoas desconhecidas, esta é uma bela ironia do amor, porém a lascívia de meus sentimentos é recorrente. Tiveste teu tempo de falar, de me tocar, de ser quem eu precisava que foste mesmo contra tua vontade, agora não há mais tempo. Teus atos agora padecem de exímia crueldade, afinal, como chegas na casa de alguém tão tarde sem ao menos ter a educação de trazer flores?

sábado, 3 de outubro de 2009

Nem tudo que escrevo é ficção, nem tudo que escrevo é não-ficção. Cabe a cada um ponderar o que cada qual é.
Ainda bem que ninguém lê isso daqui, e se lê não pode comentar. Mas prefiro deixar claro que não sou uma pessoa infeliz, apenas sou alguém que aprecia falar das situações da vida e expressar os sentimentos, retê-los sempre foi prejudicial a mim.

Escapismo.

Um certo turbilhão de pensamentos passa por minha cabeça, não saber o que quer, não saber o que é, torna-se realmente perturbador em alguns momentos. Anseio por alguém que me conte a verdade e não esconda o que realmente teria para falar. A sinceridade deveria ser uma moeda de ida e volta, nunca faltei com ela, portanto não aprecio quando com ela me faltam. Não possuo receio em dizer de quem gosto, a quem aprecio, não hesito em me expor, de fato. Acho que os tempos atuais não têm sido amigáveis comigo, sinto que tenho oferecido a face à tapa muito mais do que a mim oferecem. Tenho sido paciente para obter resultado a investimentos pessoais que tenho feito já há algum tempo, mas a espera tem se tornado tediosa. Não se sentir amado ou bem quisto já está chegando no limiar do inaceitável. O momento é agora, estou carente de verdade, carente de sinceridade em amores e amizades. Pode parecer dramático, mas esta é a realidade do momento, o estudo tem sido uma forma de escape para esconder o lado pessoal que vem sendo cada vez mais depreciado.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Erotismo diário.

Um pouco de erotismo é sempre bem vindo durante o dia, tenho essa mania de observar tudo aquilo que pode parecer erótico e por mais absurdo que possa parecer, tudo pode causar excitação. Assim como já ouvira antes de certa música: "A ereção não tem hora para chegar, com ou sem emoção, em festa ou particular". Exatamente como diz a música, o erotismo não é inerente a emoção, por isso vejo erotismo em amigos sem a menor hesitação. Silhuetas expostas através de roupas me distraem, meus olhos não mentem, não conseguem se desviar de um certo ponto fixo. Desejo cada um de forma diferente, de maneira especial e pode ser que seja especial em excesso, de modo a perturbar-me a tirar-me o sono. O toque não é o ponto máximo, palavras ditas são mais estimulantes. Quero testar as pessoas e não nego, quero vê-las sem roupa, por pura curiosidade. Ofereço intimidade visando recebê-la de volta, meu erotismo é gratuito e viso apreciá-lo junto a pessoas que me sinto de certa forma ligado. Acredito que não passa de pura experimentação, então não tenhas medo e te entregas, o máximo que pode haver é um constrangimento breve. Mas a amizade e amor, estes, ao contrário do erotismo, de fato não são breves.

Seguirei?

Queria poder dizer isso de verdade.

Não ficção.

Nada pior do que se sentir usado por alguém que considera importante. Pode-se dizer que sou dramático, ou que exagero, mas vejo o que os olhos triviais tentam não enxergar. Sentas a meu lado e ficas calado o tempo todo, dás uma justificativa e logo mais encontras alguém, falas e ages de forma serelepe, anulando, assim a justificativa que me deste. Não deveria eu me sentir preterido? A meu lado dizes não estares bem e não quereres conversar, ao lado de um outro alguém estás entretido e me deixas para lá. Dou de tudo, desde valores à palavras de consolo, ou alegro a qualquer hora que precisas, mas não posso exigir um afago ou nada do tipo. Nunca posso exigir nada, ou seja, seria essa relação unilateral? Começo a ter dúvidas se realmente sou apreciado ou se sou apenas conveniente quando há necessidades.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Seduzir-lhe-ia ou seduzir-lhe-ei? Algo ainda a se questionar, além da transitividade.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Desilusão.

Uma luminosidade intensa pairava sobre a janela do meu quarto, inerte jogado na cama estava eu a observá-la, não sei o que ela queria me dizer ou significava naquele determinado momento, estava realmente afundado na cama como se o mundo tivesse parado e apenas essa luminosidade fosse o que houvesse de vida. Contudo ainda podia pensar e meus pensamentos me remetiam às dores recentes pelas quais havia passado, desamores, desilusões e decepções, tudo isto dominava-me de tal forma a consumir qualquer vestígio de felicidade ou auto-compaixão. Quem eu quisera não me quisera, iludira-me fazendo-me pensar que um dia haveríamos de nos relacionar, então quando me dedicara a este sentimento, só houvera desprezo em retorno. Daquela cama não queria me levantar e, perigoso seria se de fato dela me levantasse, minha vontade única era desfazer-me daquela dor de maneira mais breve possível. Adormeci, porém lá aquela luz ainda se eternizava.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Falso afeto.

A infelicidade ou a felicidade? Parece que não é inerente a mim essa escolha, como nascer homem ou mulher. Contudo, o caminho para a felicidade nunca me pareceu tão óbvio quanto parece agora. Só que esse caminho tem causado grande angústia a cada passo que tomo, não sou mais eu dentro de meu corpo, minhas atitudes já não condizem com meus antigos pensamentos, tornei-me impulsivo e apaixonado. Entretanto, não apaixonado pela vida, a cada minuto penso neste amor, a cada noite tenho os mesmos sonhos sedutores, uma entrega total e compulsiva. Um sentimento que costuma trazer felicidade a todos só tem feito eu perder a mim e a minha personalidade. Não possuo mais o mesmo sorriso, aquele sincero e afetuoso, capaz de acalentar quaisquer tristezas. Se me dá a mão quero o corpo inteiro, se oferece a amizade, quero o amor e assim sei que vou naufragando no oceano profundo, de onde não sairei nem com o amor, nem com o resto da dignidade que por hora resta em mim.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Uma apologia ao amor.

Um grito profundo, que apesar do esforço demasiado, apenas causa a sensação de um leve sussurro aos ouvidos de quem o escuta. Venho a ti, então, por meio de palavras fazer uma breve apologia ao amor. Tal sentimento corre dentro de mim, assim como sangue faz parte do meu organismo. Quando me tocas sinto um arrepio dorsal, de forma crescente primeiro ele domina meus sentidos, a começar do tato, passando pelo olfato, audição e visão até finalmente chegar ao paladar, teus toques me tiram do consciente e me transportam para onde não sei quem sou, para um lugar que nada mais importa, a não ser estar junto a ti. Teus olhos penetrantes não canso de olhar, nem tenho medo de pleonasmos ao me expressar de tal forma, olhas em meu olhos, com toneladas de força, contudo ao mesmo tempo uma leveza que me seduz, assim como o perfume das flores na primavera, não mais tenho medo de transgredir as normas e me entregar a ti. Sofrível foram os dias que tive que esperar para te encontrar, agora me sinto preso como nunca estive, vens brincar todos os dias comigo e assim me torno criança novamente, contigo me sinto jovial e senil, sinto-me amado e odiado, sinto-me transgressor e conservador, pois para mim o amar está na beleza da antítese.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Doce veraneio.

O doce veraneio das épocas de minha infância teima em sempre voltar fantasiado de saudades constantes, um arrepio na espinha me causa. Quando triste, sentava à beira mar e olhava o horizonte, esperava chegar o entardecer e assistia o sol mergulhar no mar, aquilo me causava delírios de ventura, achava que a natureza era demasiada bela, porém sua beleza não havia sido grata a mim. Lá sentado, o entardecer se esvaia e então dava lugar à noite com um céu repleto de estrelas, fitava, novamente, o horizonte e agora ele era magicamente diferente, não havia mais um contraste aprazível e frágil do sol com o oceano, em vez disso, havia apenas uma cor, não se podia mais distinguir oceano de firmamento. E, finalmente, sentia-me à vontade, percebia que também poderia me camuflar, assim como elementos da natureza se camuflam, escondendo, assim, sua beleza, mesmo que de fato não a tenha para os olhos do mundo. Todo dia quero, de novo, sentir a brisa das noites de verão, e me sentir, novamente, revigorado.

domingo, 30 de agosto de 2009

Não mais pensar.

Triste, num quarto escuro a escutar músicas, eu penso. Aliás, eu sempre penso, o tempo inteiro. Há anos não tenho mais que alguns minutos de paz, depois desses minutos volto a pensar, então penso de novo e então mais uma vez. Eu penso nos meus problemas, penso em como foi meu dia e como ele poderia ter sido melhor, penso nos amores que neguei, e também, nos amores que eu quis, porém não realizei. Às vezes acho que tudo isso é oriundo das minhas crises maníacas depressivas, aquelas que tenho todo ano, entre outubro e novembro. Quando paro e analiso meus pensamentos e as conseqüências de tanto pensar, chego à conclusão de que eles me tornam alguém infeliz com momentos de felicidade. Sempre que estou triste venho a este expressar toda minha consternação em forma de pequenos textos com teor auto-biográfico, mas eles nunca fazem eu me sentir melhor. À outra conclusão também cheguei, pessoas me fazem pensar demais, primeiramente porque não sei lidar com elas e porque eu gosto demais de outras e não consigo admitir como elas podem causar tal efeito em mim. Gostaria de não mais pensar, por isso quando eu durmo é que me sinto realizado.