quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

meet marion.

Sua cama estava novamente molhada de suor, o último homem que passou a noite em seu apartamento transpirava excessivamente e ainda tinha pago metade do combinado. Cinquenta reais por cabeça ela combinara, porém ao acordar só encontrou duas cédulas de dez e uma de cinco.
"Estúpida!" gritou consigo mesmo. Ele parecia tão carinhoso na noite passada, falava palavras bonitas e a fez acreditar que finalmente sairia do buraco em que se enfiou.
Marion, era o que respondia quando perguntavam o seu nome na esquina da rua Amarante. Tinha vergonha de revelar seu real nome, este foi ao fundo do poço junto com toda sua vida e sua família. Maquiava o rosto inteiro, olhos, boca, bochechas, queria ficar irreconhecível, talvez fosse vergonha de mostrar para o mundo quem realmente é.
Tinha apenas 9 anos quando perdeu a inocência.

manual de intruções.

Não, o que você provavelmente leu por aqui até agora não são textos loucos e totalmente sem inteligação. Todos fazem parte de uma obra maior, um livro de contos que conta histórias de personagens diferentes dos comumente encontrados em obras populares. Elas não são perfeitas nem buscam um final feliz, apenas vivem à procura de um bem estar superior.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

meet matheus.

Não tinha coragem, ou seria determinação? Talvez fosse pura vergonha, porém não sabia explicar.
Ele nunca olhara em espelhos, não queria confrotar o que tinha em seu próprio rosto, achava que a arte de se expressar através de movimentos facias fosse tão mágica que não queria estragá-la por uma súbita vontade de prestigiar sua imagem.
Entrava em seu quarto e fechava todas as cortinas antes que as janelas fossem capazes de refletir sua imagem, por causa da escuridão que tomava conta das ruas. Nada de espelhos no banheiro ou em qualquer outra parte de seu quarto. Não tinha idade ainda para se barbear e cortava seus cabelos sempre com sua mãe.
Gostava de sua vida, admirava a arte em geral, tinha uma lousa em seu quarto que utilizava para pintar as belezas do mundo e da vida. Sempre pintara o alvorecer, florestas, cachoeiras e diversos tipos de paisagens naturais. Aquilo o fascinava, a natureza o fascinava, era capaz de sentar à beira de sua janela e passar horas contemplando o parque da cidade logo depois da avenida Conde Stuart.
Ele achava que o mundo estava em suas mãos que poderia desenhar o que desejasse em sua lousa. Até que deu conta dos sentimentos, das emoções e do amor. Não sabia controlar. Certo dia fora passear no parque e notou uma garota em total sintonia com a natureza e percebia pelo seu rosto, apesar de não muito expressivo, que ela amava o que fazia. Sentiu um imensa curiosidade acerca daquela garota. Seria mesmo curiosidade? Não soube dizer o que sentira. Não, não era inveja, já conhecera isso antes. Sentira um desejo ardente de conhecer aquela pessoa, mas sabia que nunca conseguiria sem antes conhecer a si mesmo.
Pensou que talvez o espelho fosse a chave para a resposta. Deveria olhar no espelho?

meet victoria.

Mais uma vez encontro-a deitada na grama olhando para o céu. Aquela garota fora a pessoa mais estranha que conheci, na verdade nem cheguei realmente a conhecer, ela não responde, ela não fala, ela não te olha nos olhos. Contudo não resisto a caminhar sempre à tarde no parque só para poder admirar sua simplicidade complexa.
Seu rosto parece estar em sintonia com a natureza, as curvas faciais interagem com a brisa que passa por ali em perfeita sincronia. Ela nunca parece triste, porém nunca tive o prazer de contemplar seu sorriso.
Posso descrevar com precisão o que faz todos os dias. Sai de sua casa na rua Alta, recebe um afetuoso beijo de sua mãe e começa a descer a ladeira sinuosa, não olha pra ninguém, nem fala com niguém. Cruza a avenida Conde Stuart na terceira faixa de pedestre e anda na calçada rente ao estacionamento de carros, para não necessitar desviar das pessoas. Entra no segundo portão do parque e segue direto pela estrada de seixos até o azevinho. Deita-se na grama ao redor da árvore e passa duas horas a observar as nuvens.
Um dia, movido pelo grande desejo de conhecer ao menos seu nome, bati à porta de sua casa assim que ela saiu para seu ritual. Sua mãe antende a porta e me recebe cordialmente. Descubro que sua filha chamasse Victória e possui a síndrome de Addison...

Mais uma vez encontro-a deitada na grama olhando para o céu. Aquela garota fora a pessoa mais estranha que conheci, na verdade nem cheguei realmente a conhecê-la, ela não responde, ela não fala, ela não te olha nos olhos. Contudo não resisto a caminhar sempre à tarde no parque só para poder admirar sua simplicidade complexa.
Seu rosto parece estar em sintonia com a natureza, as curvas faciais interagem com a brisa que passa por ali em perfeita sincronia. Ela nunca parece triste, porém nunca tive o prazer de contemplar seu sorriso.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

across the universe.

Words are flowing out like endless rain into a paper cup,
They slither while they pass they slip away across the universe.
Pools of sorrow, waves of joy are drifting through my opened mind,
Possessing and caressing me.
Nothing's gonna change my world.
Images of broken light which dance before me like a millioneyes,
They call me on and on across the universe.
Thoughts meander like a restless wind inside a letter box,
They tumble blindly as they make their way across the universe.
Nothing's gonna change my world.
Palavras invadem minha mente sem permissão e com inexplicável intensidade, surge um fluxo de idéias reprimidas e quase sempre sem sentido, elas são diretamente jogadas em folhas em branco e não possuem qualquer significado seja em sequência lógica ou mais qualquer loucura que uma mente perturbada por sentimentos retraídos possam produzir.
Ainda estou a procura do código capaz de decifrar a complexidade das frases que estão escritas nas mais belas paisagens e nas mais suaves imagens guardadas nas primeiras impressões do meu olhar sobre o que possa ser esse sentimento que brota em meu coração e invade toda microcélula de meu corpo.

creative poverty.

Mais uma vez encontrava-se sentado diante de sua escrivaninha com um papel reciclado cor de madeira imprensada. Em sua mão esquerda a velha caneta de pena de coruja branca e a sua frente um tubinho de tinta negra.
Esse era seu ritual de todo fim de noite, sentar na cadeira surrada, já destruída por tantos cupins e escrever mais uma bela carta de amor para Ela.
"Que mundo louco." ele dizia cada vez que pensava sobre o que acontecia com o planeta. Já havia passado dezessete anos desde que a Lua fora destruída pela ambição humana de evolução inexplicavel. Vivia agora numa Era insana quando já não mais existia paisagens verdes ou azuis, tudo era vermelho, amarelo, ou escuro.
Gostava de relembrar todos os dias a sua infância traqüila em sua aldeia, onde brincava entre as àrvores e tomava banho de riacho, atividade impossível de ser realizada nos tempos atuais.
Mais uma vez estourara uma Guerra Mundial, a sétima desde a destruição da Lua. E como a sociedade estava totalmente distorcida e dominada pelo sexo feminino, elas mesmas se escalavam para a guerra e seus maridos permaneciam em casa a cuidar da prole.
Não conseguia formar em sua cabeça a imagem de uma mulher dirigindo um tanque tampouco disparando diversos tiros de uma arma. "Este é o fim.", era um de seus pensamentos mais frequentes.

chorus.

the sunset is near
bringin' the end of an age
around here there were people at
the pursuit of happiness
the sunset is near
and this time
is gonna be the last one.

chorus of an old song of mine.