Mais uma vez encontrava-se sentado diante de sua escrivaninha com um papel reciclado cor de madeira imprensada. Em sua mão esquerda a velha caneta de pena de coruja branca e a sua frente um tubinho de tinta negra.
Esse era seu ritual de todo fim de noite, sentar na cadeira surrada, já destruída por tantos cupins e escrever mais uma bela carta de amor para Ela.
"Que mundo louco." ele dizia cada vez que pensava sobre o que acontecia com o planeta. Já havia passado dezessete anos desde que a Lua fora destruída pela ambição humana de evolução inexplicavel. Vivia agora numa Era insana quando já não mais existia paisagens verdes ou azuis, tudo era vermelho, amarelo, ou escuro.
Gostava de relembrar todos os dias a sua infância traqüila em sua aldeia, onde brincava entre as àrvores e tomava banho de riacho, atividade impossível de ser realizada nos tempos atuais.
Mais uma vez estourara uma Guerra Mundial, a sétima desde a destruição da Lua. E como a sociedade estava totalmente distorcida e dominada pelo sexo feminino, elas mesmas se escalavam para a guerra e seus maridos permaneciam em casa a cuidar da prole.
Não conseguia formar em sua cabeça a imagem de uma mulher dirigindo um tanque tampouco disparando diversos tiros de uma arma. "Este é o fim.", era um de seus pensamentos mais frequentes.