quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

meet victoria.

Mais uma vez encontro-a deitada na grama olhando para o céu. Aquela garota fora a pessoa mais estranha que conheci, na verdade nem cheguei realmente a conhecer, ela não responde, ela não fala, ela não te olha nos olhos. Contudo não resisto a caminhar sempre à tarde no parque só para poder admirar sua simplicidade complexa.
Seu rosto parece estar em sintonia com a natureza, as curvas faciais interagem com a brisa que passa por ali em perfeita sincronia. Ela nunca parece triste, porém nunca tive o prazer de contemplar seu sorriso.
Posso descrevar com precisão o que faz todos os dias. Sai de sua casa na rua Alta, recebe um afetuoso beijo de sua mãe e começa a descer a ladeira sinuosa, não olha pra ninguém, nem fala com niguém. Cruza a avenida Conde Stuart na terceira faixa de pedestre e anda na calçada rente ao estacionamento de carros, para não necessitar desviar das pessoas. Entra no segundo portão do parque e segue direto pela estrada de seixos até o azevinho. Deita-se na grama ao redor da árvore e passa duas horas a observar as nuvens.
Um dia, movido pelo grande desejo de conhecer ao menos seu nome, bati à porta de sua casa assim que ela saiu para seu ritual. Sua mãe antende a porta e me recebe cordialmente. Descubro que sua filha chamasse Victória e possui a síndrome de Addison...